Gilberto Safra é psicanalista, Professor Titular do Departamento de Psicologia Clínica do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo. Foi Professor da Pós-graduação em Psicanálise na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Apresentou o pensamento de Winnicott desde 1984 na PUC e no IPUSP. Coordenou O Laboratório da Trasicionalidade (PUC) e O Laboratório Prosopon (IPUSP). Suas pesquisas voltam-se para a investigação das dimensões constitutivas da pessoas humana e dos modos de subjetivação e psicopatologia na pós-modernidade. Seu Trabalho é realizado em perspectiva interdisciplinar em diálogo com a Filosofia, Literatura e Cinematografia russa (Florensky, Dostoievsky, Anna Ahamatova, Tarkovsky, entre outros).

Donald Woods Winnicott é considerado um dos psicanalistas mais criativos da história da psicanálise. Nasceu em 1896, em Plymouth, na Inglaterra, formou-se pediatra e desde os estudos na faculdade de medicina mostrou interesse pelo desenvolvimento humano. Profundo admirador de Freud, fez parte da Sociedade Britânica de Psicanálise onde apresentou sua maneira original de compreender a natureza humana, sem receio de discordar de seus colegas, como Melanie Klein. Todos seus livros foram publicados no Brasil, inclusive com nova edição, revisada, pela Editora UBU.

Donald W. Winnicott realizou importantes observações clínicas a partir dos anos 30 (século XX), ofertando contribuição significativa para a abordagem clínica do sofrimento e das organizações psicopatológicas da modernidade.

Habitualmente sua obra é estudada pelo vértice de uma das suas grandes contribuições, o processo maturacional. No entanto, há outros vértices de leituras que podem ser utilizados no estudo de sua obra, que podem também possibilitar que se acesse a complexidade de suas contribuições, o que acarreta diferentes possibilidades de compreensão das vicissitudes do sofrimento humano e de seus manejos clínicos.
Nesse seminário, iremos propor como vértice de leitura e de compreensão temas que aparecem em suas últimas contribuições, especialmente no livro “O Brincar e a Realidade”. Daremos relevo à noção de “Lugar”, que ganhou envergadura no pensamento de Winnicott no final de sua vida. A concepção de “Lugar” mostra-se importante para abordamos as questões do sofrimento e do manejo clínico em nosso tempo, denominado de modernidade tardia ou de pós-modernidade.